sábado, 25 de setembro de 2010

Nunca mais

Era noite. Noitinha. Já dava para ver a lua da varanda do quarto dela. As nuvens tinham sumido, e tudo o que eu não queria era que escurecesse. Mas não queria também que amanhecesse, pois o amanhã não existe, e eu precisava dele, e dela.
Voltei para dentro do quarto, e ela estava exatamente igual a quando eu sai de lá. De vez em quando, gosto de vê-la dormindo. Faria isso todos os dias da minha vida, se pudesse. Embora ache que isso não seria possível, já que o amanhã não existe.
Eu preciso viver o hoje, o agora. Eu preciso ser o hoje.
Porém, eu tenho medo de fazer tudo em 24 horas, e não restar nada para o amanhã que talvez exista. Mas, não! Ao lado dela, o amanhã não existe, nem nunca mais vai existir.
Por que tem que ser tudo, ou nunca mais? Sempre foi assim. Vida merda - foi o que pensei. O céu tornava-se mais escuro com o passar dos minutos. Resolvi acender um cigarro e ver as trocas de cores até que ela ao meu lado, acordasse. Uma tragada, duas, três... Próximo cigarro, resolvi. Eu ainda não sabia que aquele seria o primeiro dos muitos seguintes que viriam. Porém, creio que o amanhã não existe. Então, em 86400 segundos, nada disso vai significar mais, se não a tenho mais comigo.
Devo esperá-la acordar. Respiro, sinto a brisa correr pelo quarto. Quem sabe quando ela acordar nós não vamos ao cinema, ou apenas vemos um filme aqui, enrolados na coberta.
Não posso deixar de fazer as coisas, as quais acredito. Preciso realizar tudo hoje.
Tenho fome de tempo.
Tenho vontade desse tempo.
Tenho vontade dela, mas ela não acorda.
O céu já passou de um lilás rosa para um roxo mais escuro, em direção a um azul quase negro, e eu, continuava fixamente olhando para o céu e para minha menina simultaneamente. Sem reações bruscas!
Mantive-me pensando que estava ali por destino, mas que tudo isso acabaria. Embora eu não quisesse mudar nem um segundo do que estava acontecendo, gostaria que o ponteiro do relógio adiantasse mais depressa, ou voltasse algumas horas. Alguns novos segundos foram chegando e mais cigarros foram tragados. Mais sede de tempo eu tinha, mais vontade dela também. E nada.
Parece que tudo estabilizou, e parou no tempo. Eu parei no tempo que não parou.
Não consigo sair daqui. Não sem ela. Não hoje. Não agora. Ou talvez, não nunca.
Esperei.
A lua já estava no seu ponto mais vertical. Seria hoje possível um eclipse?
Acredito que não. O preto do infinito já estava preso ao céu, e o vermelho dos meus olhos preso a ela.
Entretanto, ela não acordava. E talvez nunca mais fosse acordar.
Só a queria por mais um dia,
por mais um hoje.
Tudo porque o amanhã não existe,
tudo porque ela não existe mais.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sem saber, foi assim

Eu não quero ir, até que você tenha chegado.

O vento bate descontrolado por entre as portas da varanda semi-abertas, e o barulho me faz estremecer. Traz o frio, o arrepio.

Não entendo mais o que sinto, nem mesmo o que devo sentir.

Preciso declarar que me libertei um pouco mais do que me aprisionava há tempos, e isso é uma vitória declarada para mim.

Fugir é a melhor opção, mas não tenho para onde, e sair correndo sem rumo, é loucura. Por isso, mantenho-me aqui, estagnada num redemoinho de idéias insanas, que correm a todo vapor pela minha cabeça.

Só quero estar bem e só quero te fazer bem. A minha sorte é que você não é daqueles que recusam carinho, e isso me deixa mais sossegada.

Não comparo-te hoje, a mais ninguém. Entrego-me, sem medo, já que o outro antigo alguém já se entregou a outras muitas depois de mim.

Ver-te indo, seria pior do que ir embora agora.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

Caio Fernando

sábado, 11 de setembro de 2010

Nada passa

Não sei por onde começar. Textos não são feitos por frases prontas, como todo mundo pensa, ou ao menos, é assim que eu penso. São palavras feitas com amor, que unem-se umas as outras, e se transformam em frases, orações. Parece que nossas vidas foram feitas para se cruzarem e se separarem no dia seguinte. Estranho, não? Uma pena, eu diria.A sorte do universo é que quando um meteoro bate em uma estrela, essa explode. Porém, ao mesmo tempo, é só assim que novas estrelas nascem. É isso o que quero dizer quando digo que você não apareceu do nada, por nada.
Acho que encontrei outra pessoa certa para mim, e estou saltitando de felicidade por isso. Acho que dessa vez, corresponde, e não irá durar apenas uma noite. Assim espero eu.
Quando ponho meus olhos fixos ao dele, nos entendemos no olhar, e no sorriso, e no perfume.
E por aí, eu vou.
Quem sabe, um dia a gente se esbarre de novo, e de novo, para que possamos, então, desatar o nó entre nós. Não há como prever, nem saber, mas seria inovador, imagino.
Sinto saudade de quando a gente conversava durante horas, e quando eu esperava ansiosamente por novos toques no meu celular: Nova Mensagem! Esse tempo passou, mas tudo passa. Eu também vou passar. Esse novo amor vai passar. O tudo, nada significa. Por isso, o nada também passa, embora demore mais.
Deseje-me boa sorte nessa nova e completamente diferente estrada da minha vida, é tudo o que lhe peço.
É engraçado ter a certeza de que um dia vou contar-lhe exatamente tudo o que se passou comigo, por sua causa. Aonde está você agora?
Enfim, creio que isso não me importa (tanto) mais.
Um brinde ao futuro-presente,
e um beijo, como todos os que se passaram, pelo passado-futuro.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mapa do meu nada

(Queridos leitores, para entender esse texto, é preciso que unam cada primeira letra de cada verso.)

Querida,
Urano não é tão distante como você.
E então?
Resta-me o quê?

Fica comigo,
Independente do mundo.
Casamos na praia
Amor não faltará
Rotina essa, nossa será.

Como está?
Onde está?
Me ligue.
Inconsequente,
Grosso,
O que for.

Preciso de você,
Amar você,
Respirar você.
Amor, amantes, amigos.

Sempre seu.
Em dias claros ou não,
Menciono seu nome ao ar.
Procuro-te,
Reencontro-te.
Enfim, o amor também me encontrou.

?!

Que seja doce (x1000)

Espero sua resposta.