quinta-feira, 29 de julho de 2010

Carta ao desconhecido conhecido


Querida razão de viver,
Há algum tempo, minha cabeça não consegue ir muito além de você. Estranho, não? Prometi que te esqueceria. Por bem, por mal... Por mim, antes de qualquer outra coisa, mas isso é o mais difícil para mim.
Acredito que tudo nessa vida tem tempo determinado de permanência, mas parece que o seu não quer se acabar em mim. Às vezes, tudo o que eu queria era que o tempo ficasse estagnado na época que você me fazia feliz.
As lembranças de nós são como peças, em meu inconsciente, de um quebra-cabeça infinito, como uma linha reta, que tem começo, mas não tem fim.
O relógio quebrou há uns dias, o que me obriga a ter que ficar voltando ao passado, o que me faz lembrar você.
Ele podia ter parado amanhã.. Talvez assim, ele roubasse todo o meu tempo, e me impediria de pensar em você.
Meu coração está parando, como o relógio, a cada segundo longe de você.
Cada segundo é uma eternidade sem seus beijos e carinhos.
Por onde você tem andado?
Tenho escrito muitas cartas como essa desde que te conheci.
Tudo está tão diferente desde o começo disso...
É tarde para ter-te comigo de novo, creio eu.
Queria que cada sonho fosse com você, mas eles parecem não me obedecer, e muitas vezes me pego tendo pesadelos de você com outras mulheres... E tudo o que eu posso pensar é que a vida é assim, e que eu não posso transformá-la da minha maneira.
Sabe, sinto sua falta, e queria que você soubesse disso.
Queria que você soubesse o quanto queria te ter mais por perto, o quanto eu queria te sentir mais, e mais, e mais a cada dia novo que amanhecesse. O quanto eu queria que fossemos o reflexo um do outro...
Quem sabe um dia, eu te entregue todo meu arquivo de cartas e poemas, se é que você iria querer.
Ilusão. Mas preciso acreditar no amor, preciso acreditar em mim mesma, e até em você, apesar de distante.
Não consigo te esquecer, e talvez nunca vá conseguir.
Porém, nunca é tempo demais...
Com amor, sua T.

sábado, 17 de julho de 2010

Nada nunca, realmente, faz sentido.

Eram exatamente 5:43 da tarde de ontem, estava sentada como de costume olhando a imensidão de água a minha frente. À medida que a claridade do sol se ia, rastros de azul da cor do mar apareciam, como se o oceano estivesse de cabeça para baixo, frio e infinito. Em um verão qualquer, um pôr do sol desse teria sido comum, mas é inverno, e isso torna tudo diferente.
Fiquei lá pensando, olhando, sentindo. Já tive tudo em minhas mãos, e deixei escorrer, fugiu de mim, sem que eu percebesse na hora certa.
Resolvi esquecer, por mais que eu já tenha 'resolvido' isso há muito tempo, dessa vez é para valer. Vai ser melhor, não adianta mais... Perdi.
Saí da praia com a canga toda molhada e cheia de areia grudada, fui em direção ao ponto de ónibus, até que vi um jardim, o qual nunca tinha visto antes. Era todo desenhado, como se as linhas feitas pelas árvores e flores mostrassem o caminho a ser seguido. Aonde será que vai dar, fiquei pensando, mas no fim das contas, acho que não passava de uma propriedade particular. Uma pena.
O som dos risos que vinham lá de dentro, eram como aquelas pedrinhas que jogamos no lago, mas com a força certa, aqueles risos infinitos que só de ouvir, já nos dá vontade de rir também. Mais uma vez, me lembrei de você.
Hoje o dia amanheceu nublado, chovendo, sem chance alguma de fazer algum programa ao ar livre. Fiquei pensando em tudo o que pensei ontem. Ilusão é a pior coisa do mundo, de verdade, por experiência própria.
Por que as coisas tem que ser assim? Por que sempre me lembro de você? Quero te enfiar num buraco, numa das gavetas do meu coração, onde coloco o que não consigo mais falar, e também não consigo esquecer ou deletar de mim. Só ficam guardadas aqui, coisas que de alguma forma foram importantes, e que a qualquer momento posso fazer voltar à tona! Normalmente, são emoções meio perigosas, mas nem todas... E sua lembrança não seria.
Não sei porque você apareceu, mas que bom que isso aconteceu. De algum jeito, tudo isso me fez crescer. Obrigada.
Mas, sabe... Que bom que você se mandou.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Alguém me espera















Sem pressa.
O mundo é nosso, ou pelo menos, deveria ser. Não sei mais o que pensar...
Eu quero uma passagem para qualquer lugar do planeta, onde eu possa ir com você, sem frescuras, só amor.
Façamos um trato... Vem comigo! Aonde está o que você quer?
Qualquer lugar é melhor do que aqui, e que agora. Não temos nada a perder. Somos jovens e ambos queremos aprender a viver.
Tenho um plano para nos tirar daqui, acredita em mim?
Vamos cruzar a fronteira entre as cidades, entre os países... Vem!
Vamos cruzar as fronteiras de nós dois. Eu quero viver para sempre!
Sei que tenho meus problemas, meus modos de pensar, mas você também, e eu te aceito, sem repressões.
Seu carro é rápido quando você quer, acha que consegue nos fazer voar?
Parece que as luzes da cidade que se aproxima se acendem para nós. Tive a sensação de que pertencia a ela, mas não, era somente ilusão.
Precisamos tomar a decisão mais importante de nossas vidas, e então?
Já tomei a minha, agora é sua vez. Eu quero voar, quero sair de perto do que não me convence mais. Você é a única coisa que me mantém presa aqui, e então, o que tem para me dizer? Algo novo? Curioso, talvez...
Me tira daqui. Me abraça, e me faz sumir. Me faz acreditar, me faz aprender sobre a vida.
Me explica o porquê das coisas serem como são.
Longe daqui, longe de tudo, meus sonhos vão até você.
Passo ai de novo às 10 em ponto, não esquece de colocar gasolina suficiente para viajar uma vida inteira...

Me espera na porta.


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Longe daqui

Hoje percebi que não adianta mais chorar pelo que se perdeu, por aquilo que ameaçou ser e não foi, por tudo o que não existe. Meus olhos embargam por sofrer uma forma de dor indescritível, uma dor que não consigo curar, e nem contar a ninguém. Preciso ficar só, para então, tentar entender o que tudo isso quer me mostrar... Tenho medo da resposta... Vai saber.

Tenho tanta vontade de ir embora, para que sintam falta de mim – se é que alguém vai sentir-, ir para longe, sem endereço, telefone, sem rumo, apenas, por aí... Mas não, necessariamente, sozinha. Quero ficar longe das pessoas um pouco, estou cansada de ter sempre por perto os mesmos. Preciso, e quero gente nova.

De repente, eu te escrevo de lá, ou mando cartas em anônimo para que você não descubra quem sou, como uma surpresa a cada novo correio.

E no fim de todos, escreverei: Preciso de você.

A vida não passa de um flash-back a cada segundo que vem depois do anterior.

É bom ousar coisas novas às vezes...

Vai entender.

domingo, 4 de julho de 2010

Ei, você.

"Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos…
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você, ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.

Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.

Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.
Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.
. . . E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura."

Caio F.

Caio F.

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

Caio F.